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Geração Millenial: 10 Mitos e Fatos

Por Paulo C. Braune, Psicólogo, empreendedor na área de jogos corporativos, fundador e executivo da Braune Educação Empresarial, uma boutique especializada em desenvolvimento de líderes e equipes

 

Você consegue identificar um legítimo representante da Geração Millennial, também conhecida como Geração Y? Para quê? Ora, ele representa desde 2017 a maior legião de trabalhadores nos EUA e em 2025, 75% da força de trabalho mundial será composta por profissionais da Geração Y, também conhecida, entre outras designações, como Geração Millenium (ou milenar, em bom português). Consta que somente no Brasil são mais de 8,3 milhões de pessoas em postos de trabalho, mais do que a população da Suíça.


Muito se fala sobre esta geração dada a sua presença maciça no ambiente corporativo e seu impacto nos resultados dos negócios que conduzem como empreendedores ou como empregados. Ela inclui os nascidos entre os anos 1981 e 1996 (ou seja, essa legião de pessoas tem entre 23 e 38 anos de idade atualmente). Mas, de tudo que é dito a respeito deles, o que é fato e o que é mito?


Nossa proximidade com legítimos representantes dessa geração nos programas de desenvolvimento de lideranças que promovemos nas empresas clientes além de pesquisas às quais temos acesso, nos permitem arriscar algumas percepções, com baixa margem de erro.


1) Os Millennials são verdadeiramente ansiosos e imediatistas?


R. FATO, e esta constatação começa pela observação de que esta geração nunca se contenta ou se conforma com o que é dado. Ela questiona e procura ir além dos limites dados. Junte a esta característica o fato de que os Millennials não vivem sem a Internet pois estão muito adaptados à vida conectada onde tudo é para ontem e precisam estar sempre ocupados com alguma coisa pois não suportam o ócio e a monotonia. Eles buscam novos estímulos a cada instante para sentirem prazer nas atividades diárias. E se estão em frente à televisão, já não é suficiente estar ali, parados. Enquanto assistem a um programa, estão no computador, no tablet ou no celular simultaneamente. Bom dizer que esses hábitos desestimulam atividades que requerem concentração e foco, como a leitura, por exemplo.



2) Os Millennials não sabem o que querem?

R: MITO, e é fácil entender o porquê. Esta fama de pessoas que não sabem o que querem vem do fato de que esta geração é muito imediatista e acaba transformando sonhos em desejos. Funciona assim: como hoje em dia tudo se apresenta a eles de forma muito picadinha e superficial (as notícias, a Internet...), essas pessoas acabam ficando superficiais também. Assim, acabam chamando de sonho o que não passa de um desejo, de uma meta. Por exemplo: se você pensa ‘ah, meu sonho é entrar na faculdade’; quando você entra na faculdade o seu sonho acaba. De fato, isto é um desejo, não um sonho. Ou seja, o conceito de sonho está tão flexibilizado que um Millennial não sabe o que é sonho e o que é desejo. Eles acabam sonhando coisas muito efêmeras e simples. Tudo é muito líquido. Você entrou na faculdade, e aí? Acabou. Vai ter que buscar outro sonho. Você não sabe mais aonde quer chegar. Tudo é muito instantâneo, um sonho fastfood. É por isso que podemos criar a percepção de que esta é uma geração que não sabe o que quer. Talvez as empresas pudessem ajudar os jovens a se conhecerem melhor, para que possam saber exatamente o que querem da vida (seus verdadeiros sonhos). A compreensão de quem eles são de verdade. O fato é que fazemos muitas coisas ao mesmo tempo e nunca sabemos se estamos indo à deriva ou no controle da vela.


3. Millennials não se comprometem e não se engajam nas organizações em que trabalham?

R: MITO, e provavelmente nesse caso, os Millennials estão sendo classificados como não engajados simplesmente porque não se comprometem com causas e pessoas nas quais não acreditam. Eles prezam muito a qualidade de vida, que nada tem a ver com boa vida (vida mansa). Essa é uma característica forte desta geração. Aqui, o que é necessário é criar e manter um ambiente de trabalho agradável, que traga motivação, que as pessoas gostem de estar lá. Essa vontade que o Millennial tem de crescer, de crescer junto, e crescer por um movimento, por alguma coisa que irá perdurar por anos e se transformar em um legado para os que virão, é fato. Se há falta de comprometimento, em minha opinião, é porque falta ambiente propício para isso. Você não pode motivar ninguém, mas ambiente você pode oferecer. E é isso que o Millennial busca - um ambiente de trabalho, onde possa entender o que está fazendo, por que está fazendo, em que ele consegue entender aonde pode chegar e aí a motivação aparece e o engajamento aumenta. Penso que uma frase que sintetiza bem esta geração Millennial é aquela que diz que “se você ama o que faz, você nunca vai ter que trabalhar um único dia da sua vida”. Isso é bem a

cara desta geração Millennial. 4. Uma vez dada a condição de pertencimento e engajamento a um Millennial, pode-se esperar dele o comprometimento desejado?

R: FATO, porque quando você entende a razão de estar fazendo determinada tarefa e vê valor naquilo, tudo muda. Você não está fazendo só porque é obrigado. É como estudar. Se você não vê utilidade naquela matéria, você não tem motivação. Se você vê que aquilo que você faz surte efeito na companhia ou nos arredores de onde você vive, ou se sua empresa entrega algo de valor para a sociedade, então você vê que seu trabalho tem valor também. Tudo isso gera comprometimento e automotivação para um Millennial.


5. Millennials são inflexíveis e somente se envolvem com aquilo que “curtem”?

R: MITO, porque provavelmente se eles não gostam de alguma coisa, é porque não entendem por que estão fazendo, ou então aquilo não faz mesmo sentido para eles. Se realmente não faz sentido para eles, buscam sair dessa empresa e ir para outro lugar. Mas se falta informação, podem buscá-la e entender porque aquilo é importante. Às vezes a coisa é chata, mas é importante. É como na faculdade: há matérias que você gosta e matérias que você não gosta, mas o curso como um todo faz sentido e motiva. As empresas que promovem o sentido de pertencimento nessa geração e prezam pelo ambiente de trabalho dinâmico e prazeroso, geralmente são aquelas que conseguem retê-los e, além disso, fazer com que trabalhem como se fossem os donos do negócio.



6. É impossível converter um Millennial a membro de um time por sua individualidade exacerbada?

R: MITO, porque isso será possível em um ambiente de trabalho que desenvolva o melhor modelo de gestão. Um modelo baseado em times, onde cada um está em uma posição porque realmente é o melhor naquilo. Por exemplo, o trainee ser o melhor trainee, por isso ele está lá; o consultor ser o melhor consultor, por isso ele está lá. É como um time de futebol. Não adianta juntar os melhores e colocar em qualquer posição, porque não vai dar certo. Tem que ser uma gestão transparente, que busca o desenvolvimento de cada um. Millennials acreditam que um time quando cresce junto, joga melhor e desempenha melhor. Não existe entre eles o desejo do sujeito que está ao seu lado se dar mal para que

o outro possa se dar bem. Nada disso. O modelo de liderança esperado por um Millennial é aquele que instiga o desenvolvimento. Odeiam que retardem o seu crescimento ou segurem o potencial de alguém. Esperam investimentos em quem quer crescer, em quem quer ir além.

Resumindo, buscam modelos de gestão que incluem e aloquem as pessoas nas melhores posições para o seu perfil. Foco no desenvolvimento. Modelo mais colaborativo do que top-down.


7. Millennials não se subordinam a hierarquias?

R: FATO, pois não é a hierarquia que eles respeitam e sim a gestão participativa. Hierarquia traz consigo o respeito das pessoas, mas apenas no primeiro contato. Quando você chega a uma empresa ou conhece alguém de uma empresa, a primeira impressão é a do cargo, que carrega o prestígio, respeito e capacidade da pessoa e justamente por isso as apresentações mencionam a função exercida (Roberto - Diretor de Marketing, por exemplo). Porém, esse respeito só é mantido através do que a pessoa consegue transmitir no relacionamento do dia a dia. Após isso, o respeito ou é conquistado ou é imposto. Se for conquistado, os Millennials os admiram, desenvolvem vontade de chegar onde a pessoa está, se auto motivam, etc. Se o respeito for imposto, há a insatisfação, o questionamento e outros aspectos negativos e prejudiciais ao ambiente de trabalho.

8. Para os Millennials fazer sucesso é sinônimo de estabilidade?

R: MITO, pois apesar de não haver um consenso neste tópico, os Millennials dão muito valor a fazer algo que traga benefícios inequívocos para a sociedade. Fazer alguma coisa que gostem e ao mesmo tempo que contribua socialmente. É sempre algo relacionado à qualidade de vida. A esse respeito, não vejo ninguém que queira viver no trabalho. A ideia do workaholic está sumindo. Em seu lugar, as mais novas gerações estão trocando muito trabalho excessivo por bem-estar e qualidade de vida o que não significa que não consigam se dedicar com afinco às suas responsabilidades.


9. Millennials não dispõem de condições de conviver com até 4 gerações ao mesmo tempo no ambiente da empresa?

R: MITO, mas aqui cabe uma ressalva, uma vez que paciência com pessoas intransigentes não é um forte dessa geração. Não importa a que geração o chefe de um Millennial pertença, desde que ele seja uma pessoa incrível, um sujeito que tem a mentalidade alinhada ao modelo que valorizam. Se for humano (sensível às questões das pessoas) e justo, então terá o respeito de jovens desta geração. Acredito que para todos trabalharem bem, de forma harmoniosa, as gerações que já estão na empresa não precisam se impor para liderar ou ganhar respeito, e no que diz respeito aos Millennials, basta que não sejam arrogantes, se acharem os melhores e que têm que crescer e subir logo; têm que ter humildade, com mente de aprendiz. Trabalhar para aprender e crescer. Devem ir abertos para entender e aprender com as gerações anteriores – admitir que eles estão lá para passar conhecimento e vivência para os mais novos. Aí é que está o maior intercâmbio. Mas as gerações mais velhas não podem esquecer que não é a liderança pela autoridade formal que prevalecerá diante de um Millennial, mas pela inspiração que ela traz, que contribui para a sinergia entre as gerações. Isso muda tudo.

10. Dinheiro faz a cabeça de um Millennial?

R: MITO, porque o que faz a cabeça dessa geração é trabalhar em um lugar que valoriza quem está lá e quem está entrando, porque acredita na contribuição de cada um. Uma empresa que oferece um ambiente favorável, que privilegie qualidade de vida e que não espere que você seja um workaholic para se dar bem. Que não estimule a rivalidade. Dinheiro, não necessariamente, será o must para reter pessoas. E, sim, gostar do lugar em que trabalha, admirar a gestão, se sentir reconhecido e respeitado, ter um cara lá dentro que te inspira.

Por fim, um recado: se você acredita em determinado estereótipo, seja de que geração for, ele acaba por se confirmar pelo simples fato de que você vai procurar e acabar encontrando algo que vê como uma “prova” de determinada característica dessa geração. Enfim, as pessoas são para nós, aquilo que acreditamos elas serem e não o que efetivamente são na realidade subjetiva em que vivemos.


Se você quiser se divertir um pouco, acesse o link abaixo e responda 14 questões que te dirão quão Millennial você é.


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